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“Juventudes pela Cultura de Paz” busca fortalecer o protagonismo de jovens nas periferias do Recife

“Juventudes pela Cultura de Paz” busca fortalecer o protagonismo de jovens nas periferias do Recife

Alegria e diversidade marcam o lançamento oficial do projeto, nesta quarta, 11 de junho, no Morro da Conceição

O projeto Juventudes pela Cultura de Paz, desenvolvido pela Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2, foi oficialmente lançado nesta quarta-feira, 11 de junho. Realizado na quadra do Centro de Reabilitação e Valorização da Criança (CERVAC), o lançamento foi marcado pela diversidade e alegria dos jovens do Alto José Bonifácio, Alto do Brasil, Brejo da Guabiraba, Linha do Tiro e Morro da Conceição – comunidades recifenses abrangidas pelo projeto.

Alguns dos objetivos centrais da proposta estavam presentes no evento de lançamento, como o fortalecimento do protagonismo de jovens e adolescentes destas comunidades. Foram eles, por exemplo, que conduziram a solenidade, com os Mestres de Cerimônia Márcia Lima e Antônio Marcos. “Eu acho que iniciativas que criem novas oportunidades e aumentem nossas perspectivas ajudam a reduzir a violência”, afirma o jovem Juan Victor, que também participa do projeto.

O fortalecimento das iniciativas locais também marcou presença. O CERVAC, por exemplo, que acolheu o evento, tem uma história de 37 anos de atuação com crianças, adolescentes, jovens e adultos com deficiências. Eles foram alguns dos responsáveis pela alegria que marcou o momento, com apresentações da banda e do grupo de danças.

Além do CERVAC, outros grupos que atuam com os jovens destas comunidades, receberam material esportivo e violões para reforçar sua atuação.

Participaram do evento instituições como a Associação de Moradores do Alto José Bonifácio, o Encontro de Jovens com Cristo do Morro da Conceição, Centro de Apoio Divino Amor, Grupo de Capoeira Nação Pernambuco, Equipe Black Tigers de Taekwondo e Projeto Social de Karatê Alto do Brasil. Estes dois últimos completaram a programação com apresentações desportivas.

O evento também contou com a participação de vários parceiros, a exemplo da Prefeitura do Recife, por meio da Secretaria Executiva de Juventudes, Secretaria Executiva de Cidadania e Cultura de Paz e Rede Compaz, CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e CRAS (Centro de Acolhimento Social) das RPAs 2 e 3; o Governo do Estado de Pernambuco através da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos e Prevenção à Violência, de instituições da sociedade civil, como o Gajop (Gabinete de Assessoria Jurídica a Organizações Populares); e representantes da Igreja, com os padres Emerson, Paulo Dutra e Fábio Potiguar, respectivamente do Santuário Nossa Senhora da Conceição, Vicariato Beberibe e Cáritas Arquidiocesana de Olinda e Recife.

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O projeto – O projeto conta com a parceria Cáritas Alemã, e também é realizado em outros dois estados brasileiros: na Paraíba, pelo Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM NE); e no Ceará, pela Cáritas Regional Ceará. Ele prevê a formação de redes de jovens, capacitações em direitos humanos, criação de centros de mediação de conflitos e ações de incidência política. E também a promoção de encontros com famílias, campanhas de comunicação e articulação com órgãos do poder público e da justiça.

Embora tenha sido lançado oficialmente nesta quarta, algumas ações já foram desenvolvidas, como a participação do(a)s jovens em eventos de incidência política, a exemplo da Bienal da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da Caminhada contra o Abuso e Exploração de Crianças e Adolescentes. Outra iniciativa fundamental já desenvolvida foi a pesquisa de linha de base do projeto, realizada pelos próprios jovens com mais de 1500 moradores.

A pesquisa revela uma percepção generalizada de insegurança, ausência de políticas públicas e naturalização da violência. Para 70% dos moradores, a violência já faz parte do cotidiano. Entre os jovens de 14 a 29 anos, 74% afirmaram sentir-se pouco ou nada seguros em seus territórios.

A maioria dos entrevistados vê os jovens tanto como principais autores (89%) quanto como principais vítimas (87%) da violência. Além disso, 93% dos moradores disseram não conhecer ações de prevenção à violência juvenil em suas comunidades ou escolas, e apenas 2% dos estudantes relataram a existência de processos estruturados de mediação escolar.

No ambiente escolar, as formas de violência mais citadas foram bullying, racismo e LGBTfobia. A confiança nas instituições de segurança pública também se mostrou abalada: 34% dos moradores da capital disseram não confiar em nenhuma força policial, número que chega a 74% no bairro da Linha do Tiro.

“Embora muitas pessoas saibam identificar violências de gênero, racial ou policial, a maioria ainda não sabe como denunciar essas violações, o que revela uma desconexão preocupante entre os direitos garantidos por lei e o acesso real à justiça nas comunidades. Esse cenário reforça a urgência de implementar ações consistentes e participativas, que fortaleçam o protagonismo juvenil, articulem redes comunitárias de apoio e disseminem uma cultura de paz”, finaliza Mona Mirella assessora regional do Programa Infância, Adolescência e Juventude da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2.


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