Famílias participam de Seminário Mudanças Climáticas e Energias Renováveis, em Alagoas

Apesar de ser reconhecida como uma fonte limpa e renovável de eletricidade, a energia eólica tem um lado negativo que muitos desconhecem. As famílias que convivem com as instalações dos complexos eólicos próximas às suas residências revelam que muitos são os danos causados. “É muito barulho dia e noite, ninguém consegue dormir. Minha saúde nunca mais foi a mesma desde que instalaram essas torres”, comenta José da Silva, 59 anos, morador da cidade de Paranatama, em Pernambuco.
Segundo pesquisa realizada no Departamento de Botânica da UFPE, a região Nordeste é responsável por 86% da produção de energia eólica do Brasil, com destaque para a Caatinga, que abriga 78% de todas as turbinas instaladas no país.
Entre danos sociais e econômicos, os moradores das regiões, também, vêm sofrendo com as constantes investidas de representantes de empresas de energia eólica que, na abordagem, têm prometido diversos benefícios aos agricultores que assinarem contratos de arrendamento de seus terrenos para instalação de torres eólicas e linhas de transmissão de energia.
Diante dessa realidade, o Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA, Cáritas Diocesana de Palmeira dos Índios (AL), e Associação de Agricultores Alternativos – AAGRA realizou no último dia 08 de março, o “Seminário Mudanças Climáticas e Energias Renováveis”, na cidade de Palmeira dos Índios, em Alagoas.
Na ocasião, Daniel Lins, o assessor jurídico da Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2 (CBNE2) e o assessor da área de Convivência com Biomas da CBNE2, Afonso Cavalcanti, estiveram participando do seminário. A partir da experiência do acompanhamento a comunidades no Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, os agentes da Cáritas relataram os problemas que têm sido constatados em outras comunidades no processo de licenciamento dos empreendimentos, os impactos à saúde e ao modo de vida camponesa, os danos aos animais de criação e ao meio ambiente e as abusividades dos contratos firmados, como forma de prevenção desses problemas.
“As rodas de conversa sobre os impactos socioambientais de parques eólicos é muito importante para levar as pessoas conhecimento e informação. Infelizmente nós sabemos que na abordagem que são feitas pelos representantes das empresas a essas comunidades são feitas muitas promessas e ocultadas muitas informações. As pessoas precisam conhecer o que de fato acontece para tomar decisões que impactam definitivamente em suas vidas”, afirmou Daniel Lins.
Vale ressaltar, que a Cáritas Brasileira Regional NE2 vem buscando alertar e esclarecer quanto aos direitos das comunidades que são afetadas pelas implementações dos parques eólicos e seus impactos socioambientais através da Campanha Contra os Impactos de Parques Eólicos no Regional NE2. Uma iniciativa que buscou ainda ampliar o debate sobre a importância de repensar novas formas de geração da energia limpa e descentralizada, que respeitem as comunidades e promovam o Bem Viver das famílias dessas localidades.
Quer saber mais sobre a Campanha basta acessar nosso canal no Youtube para ver a websérie “Para Quem Sopram os Ventos?”, com 06 episódios, a série retrata a realidade de agricultores que tiveram suas vidas afetadas pela implantação de torres eólicas nos entornos de suas propriedades. Uma exposição fotográfica itinerante, que pode ser apresentada nas universidades públicas e privadas. E uma Carta Aberta que foi construída em parceria com organizações e movimentos sociais que foi usada como instrumento de mobilização e incidência política.
Assista os episódios da Websérie clicando aqui.