Comunidades quilombolas do Agreste Pernambucano garantem acesso à água
Retomada do Programa Um Milhão de Cisternas, pela Cáritas Brasileira Regional Nordeste 2 (CBNE2), já transformou a vida de mais de 100 famílias quilombolas nos municípios de Caetés e Capoeiras, no Agreste de Pernambuco
Nas comunidades de Sítio do Imbé , em Capoeiras, e Atoleiro e Maria Preta em Caetés, a escassez de água deixou de ser uma preocupação diária. A implantação das cisternas de placas com capacidade para 16 mil litros garante às famílias o armazenamento de água da chuva junto às suas casas, diminuindo a dependência de caminhões-pipa e assegurando acesso contínuo, seguro e de qualidade à água potável.
“É uma bênção. Não vamos mais precisar de caminhão-pipa que, inclusive, nem sempre traz água de qualidade. Este projeto veio para melhorar nossa saúde e qualidade de vida”, relata Maria Janira, agricultora da comunidade de Atoleiro.
As cisternas trazem inúmeros benefícios como garantir a segurança hídrica, especialmente no período de estiagem; a redução da incidência de doenças relacionadas ao consumo de água contaminada; o fortalecimento na produção de alimentos, permitindo que as famílias cultivem hortas e criem pequenos animais; e contribuem para a autonomia das comunidades, reduzindo custos e a dependência de políticas emergenciais de abastecimento.
Além das cisternas, as famílias receberam filtros de barro de 8 litros, tecnologia social simples e eficaz que assegura a filtração da água, preservando sua potabilidade e reforçando os cuidados com a saúde.
O programa, interrompido na gestão anterior do governo federal, foi retomado em 2024 após forte mobilização das organizações da sociedade civil que compõem a ASA – Articulação do Semiárido, com financiamento do governo federal. A iniciativa envolve não apenas a entrega da tecnologia, mas também a mobilização social e formação das famílias em Gerenciamento de Recursos Hídricos, além da capacitação de pedreiros nas próprias comunidades, fortalecendo a economia local.
Durante a etapa de construção, houve apoio às famílias com doação de alimentação e recursos para escavação, reforçando o caráter solidário e comunitário do processo.
Segundo Edmilson Paulino, coordenador do programa na CBNE2, a ação vai além da construção de cisternas.“Buscamos resgatar e fortalecer as políticas de convivência com o semiárido entre as populações quilombolas, na busca da sustentabilidade e do bem viver. Mais do que tecnologias, estamos falando de dignidade, direitos e permanência das famílias em seus territórios.”
Com água perto de casa e condições para viver com mais dignidade, as comunidades quilombolas do agreste e sertão de Pernambuco seguem construindo sua autonomia e fortalecendo sua história de resistência e esperança.


